sexta-feira, 22 de março de 2013

é breve



A brevidade da vida é o que me assusta. A nossa total incapacidade de controlar o tempo, de segurar o momento, esse momento que acabou de passar, que já não existe mais. E então penso que deve ser por isso, para não pensar nisso, para não enlouquecer com isso, que a gente se lança a tanta coisa, tanto trabalho, tanta burocracia inútil e me pergunto: “Afinal de contas, qual é a importância dessa questão, desse processo, desse requerimento? Porque diabos eu tenho que passar oito horas do meu dia dentro de uma sala de paredes marrom quando a vida está acontecendo lá fora?”.

Tudo isso talvez seja exatamente para não percebermos que a vida passa, que o tempo corre, e que não somos senhores dele, que não o controlamos. Então, apesar dessa indignação no meu peito, dessa revolta que me faz querer correr para fora e deixar que a chuva desmanche meu cabelo arrumado e borre minha maquiagem, eu me controlo, me concentro, desvio o olhar da janela e da água que cai livre, e volto para esse importante processo na minha mesa, para decidir qual é o valor do tributo que terá que ser pago.


- fefa rodrigues - 



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